A criança é um ser único e especial, criada por Deus à sua imagem e semelhança, nasce em pecado, necessita de redenção e encontra a redenção somente em Cristo.
Já tinha conhecimento a respeito desses aspectos, mas no
decorrer da leitura do texto complementar do curso I da Aecep, tive uma compreensão maior a respeito das minhas
responsabilidades como mãe e como professora.
Nunca havia refletido sobre a “fraqueza” da criança como
descreve Webster ao defini-la como “fraca em conhecimento, experiência,
julgamento ou entendimento”. E tal definição abriu os meus olhos para a seguinte
reflexão: Temos dado ouvidos às crianças! Não que seja algo ruim, mas
temos considerado seus pensamentos como pensamentos de sábios, pensamentos
prontos, quando na verdade deveríamos analisá-los e ponderar a respeito deles,
visto que somos os agentes que devem direcioná-las e não o contrário.
Vemos uma sociedade que exalta o pensamento infantil, que tem colocado a
criança no centro da família, e como “pequenos reis” ou “pequenos deuses” têm
ditado as regras da casa, os horários e os cardápios das refeições, os passeios
que a família deve ou não fazer, os programas de televisão a assistir...
Nisto, vemos os pais sendo conduzidos a
“realizar” as vontades das crianças.
De acordo com o texto, o PAIS prestarão contas a Deus como Seus mordomos e os
PROFESSORES, com autoridade delegada pelos pais e sob sua confiança, ACEITAM um
papel profissional de educar seus filhos.
É fundamental pensarmos na palavra ACEITAR. Visto que, de
acordo com o dicionário Webster trata-se de:
“1.
Receber o que é oferecido, consentindo em sua mente; receber com aprovação ou
favor.
Diferença entre
receber e aceitar: Ele recebeu uma nomeação ou a oferta de uma comissão, mas
não a aceitou.
Considerar com parcialidade, com valor ou estima.
Consentir ou concordar, aceitar os termos de um contrato, aceitar um tratado
(...)”
Muito interessante!
Educar implica em consentir, concordar com a responsabilidade, ter a plena
consciência do que está fazendo e das responsabilidades que carrega.
“De
modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, (...)
se é ensinar, haja dedicação ao ensino;”
Romanos 12:6,7
O texto afirma que Jesus é o modelo de mestre a ser
seguido e que devemos aprender com ele. Observar a maneira como ele ensinou me
leva a repensar a maneira como eu tenho ensinado. Quanto tenho a me aperfeiçoar
meu Deus!
Devo ensinar:
- vendo cada criança como plena, pronta a ser cultivada, inspirada, consagrada e
instruída.
- amando meu alunos,
- aceitando-os com todas as suas imperfeições e qualidades,
- afirmando em suas mentes quem eles são em Cristo
- recebendo-os
- curando-os
- capacitando-os
- incentivando-os
- comunicando a verdade de maneira que fiquem maravilhados
- cativando seus corações por meio da Palavra Dele
- tocando-os, fazendo com que se sintam especialmente amados
- me relacionando com eles através da disciplina (e não o contrário)
- tendo respeito pelo valor de cada um
- demonstrando profunda e genuína apreciação pela individualidade de cada
criança
- investindo tempo e concedendo sincera atenção tornando-se acessível
- conforntando as discrepâncias entre a convicção verbal e a realidade da vida
- levando os indivíduos à sua mais plena expressão
- capturando e comunicando a verdade de cada disciplina, inspirando e
inculcando o amor pela verdade e pela beleza, dando o pão da vida (a verdade)
ao invez de migalhas
- sendo um “livro vivo” para a criança
- satisfazer as necessidades tutoriais dos estudantes, atendendo-os em seu
próprio estilo de aprendizado e instrução, elevando-os a um padrão digno,
produzindo e não apenas consumindo, levando-os a exercitarem todo o seu
potencial.
- satisfazê-los, ou seja, suprir suas necessidades reais e não suas
vontades e prazeres (gratificação).
Gratificar (gratification - Webster)
1. O ato de proporcionar prazer , seja a mente, o gosto ou o apetite. Falamos da gratificação do gosto ou do palato , dos apetites , dos sentidos, dos desejos, da mente, da alma ou do coração.
2. Aquilo que dá prazer ; satisfação; prazer. Não é fácil renunciar a gratificações a que estamos acostumados.
3. Recompensa ;
As necessidades das crianças, vão muito além do conteúdo acadêmico.
Vão muito além de compreender a tabuada, a língua portuguesa, a geografia...
Dizem respeito ao que é realmente importante, aquilo que na Palavra são chamadas de “invisíveis aos olhos” (2 Corintios 4:18).
A principal delas, é a necessidade espiritual.
Elas precisam nascer de novo. E essa deve ser a primeira busca do professor cristão.
Jesus saciou plenamente a sede do povo. Satisfez a necessidade de salvação e necessidades físicas também (curando, alimentando, protegendo...)
Além disso, pude compreender que as crianças também tem as seguintes necessidades:
SIGNIFICADO: Precisam sentir que estão seguras, que são amadas, valorizadas e importantes.CONFIANÇA: Precisam sentir confiança nas pessoas que as influenciam.
ACEITAÇÃO: Precisam adquirir valor pessoal, ou seja, aceitar sua própria individualidade como presente de Deus. Os adultos devem comunicá-las plenamente a respeito do seu valor e potencial.
PROPÓSITO: Precisam sentir que fazem parte da história, que foram criadas com um propósito maior. Isso é alcançado através do uso da ferramenta “linha do tempo”, pois por meio dela, se adquire a visão da história providencial.
TRABALHO: Precisam de atividades significativas, desafiadoras... que enobrecem e não só as divertem. As atividades significativas produzem um senso de valor e propósito de sua vida.
SABEDORIA: Precisam de orientação sábia de um adulto baseada nos princípios de Deus, para compreender suas experiências e o mundo que as cerca.
MODELOS DE AUTOGOVERNO CRISTÃO: Precisam estar em contato com modelos de adultos que se submetem ao governo de Deus. A ferramenta “biografia” satisfaz essa necessidade em sala de aula.
MODELOS DE CARÁTER CRISTÃO: Precisam de adultos que além de as ensinarem os princípios de Deus sejam exemplos de um caráter cristão. Elas precisam de referenciais. Isso tem sido escasso em nossos dias. Modelos de pessoas produtivas e comprometidas, pessoas que as inspire verdadeiramente.
Meu Deus!
Após a leitura das reais necessidades das crianças, fiquei impactada ao perceber que não estou satisfazendo nem meu filho, nem meus alunos.
Meu filho, tem demonstrado insegurança e aparenta não acreditar em seu valor e que de fato é amado por nós. Não acredita em seu potencial e demonstra isso diariamente na escola, desejando ser “inteligente” como os amigos.
O mesmo acontece em minha sala de aula. Vejo crianças sedentas. Crianças com baixa autoestima que a todo momento buscam se auto afirmar por meio de atitudes onde pretendem chamar a atenção de todos para si.
É isso! Se eu olhar para esses aspectos na vida de cada criança, então os problemas de indisciplina e até os problemas de relacionamentos serão sanados.
Na página 105, podemos visualizar o que seria o ideal a ser atingido em nossas atividades como mestres “satisfazer as necessidades reais dos estudantes de maneira plena” porém, a liberdade e a expressão criativa, descrita como sendo permitida por meio da abordagem por princípios, não é experimentada plenamente na sala de aula.
A correria do dia a dia pela busca do cumprimento dos conteúdos exigidos no currículo, a busca desenfreada (literalmente desenfreada) pelo cumprimento de todas as páginas de um material didático, minam essa liberdade e a exigência de caminharmos no mesmo passo de professoras diferentes, com alunos diferentes, ainda que da mesma série, torna essa liberdade ainda menor.
Sinto a falta de liberdade nesse aspecto todos os dias e o meu maior desafio atualmente, é como aplicar a abordagem por Princípios dentro de um modelo engessado de educação.