03 setembro 2014

Novo sonho, nova vida!

 
Quanto já chorei? 
Só Deus sabe, porque muitas lágrimas foram no meio da noite quando ninguém ouvia ou via minha dor. Nem eu sei ao certo quanto doeu, porque já passou, mas de uma coisa eu sei. Doeu demais.
A cada dor, uma canção, uma inspiração.

Enquanto eu sonhava e caminhava com estes sonhos, era como se eu andasse contra ventos fortes e a maré das impossibilidades.
Enquanto eu pensava em ser mãe, alguém me dizia, não vai dar.
O diagnóstico de endometriose profunda veio logo após um susto em 2010. Com dores fortíssimas e a descoberta repentina de um cisto que estava prestes a romper, tive que retirar um dos meus ovários.
Até aí tudo bem, ainda não era impossível ser mãe. Percorri, então, um caminho de fé, onde lutava para permanecer intacta. Para alimentar meus sonhos, apesar da endometriose, comprava (sempre que podia) algum item para alimentar a minha fé: Um shampoo infantil, uma mamadeirinha, um pacote de fraldas... eu seria mãe! 
Essa era uma certeza que eu tinha sejam lá quais fossem os impossíveis.
Cheguei até a sonhar que amamentava e acordei certa vez, chorando porque havia acordado e não estava mais com a criança nos meus braços.

Exagero? Só eu sei o que passei.
Para meu esposo, estávamos bem.. e de fato estávamos, sempre estivemos...
Mas algo me faltava, e só o fato de saber que não podia, que não conseguia... ah! Isso me perseguia de tal forma que a cada consulta ao médico sentia um vendaval de emoções.

Depois de três anos lutando para que a endometriose não aumentasse, e tentando de alguma forma preparar meu corpo para aproveitar as mínimas chances de gerar e claro, orando muito... Deus me tocou.
Meu esposo sempre me falava de adoção quando via meu sofrimento. Mas eu sofria ainda mais por achar que ele estava matando a minha fé e os meus sonhos, me propondo deixá-los pelo caminho.
O que eu não sabia era que a vontade de Deus para mim era exatamente essa.

Meu filho estava em algum lugar, vivo e palpável, só não sabia onde.
Foi quando Deus me mostrou que eu havia sido adotada espiritualmente por Ele e me tornado sua filha legítima, que tudo fez sentido.
Como se diante dos meus olhos de descortinasse uma possibilidade... a melhor possibilidade, disse ao meu esposo: Quero adotar!
Assisti a diversos vídeos, li artigos, me tornei a "expert" no assunto adoção. E me apaixonei cada vez mais pela ideia.
O que eu não esperava... era que fosse acontecer tão rápido.
Em 5 meses de preparo e depois de passar por todos os processos técnicos psicossociais necessários para quem pretende adotar, e me submeter a um procedimento cirúrgico seríssimo de retirada de todo o aparelho reprodutor e mais uma parte do intestino - já acometido pela tal endometriose - recebi a notícia, a grande notícia de que eu poderia passar o natal com meu filho.
Meu Deus! Depois de tanto esperá-lo... eu o conheceria?!
É menino ou menina? Perguntei a psicóloga do fórum.
(Não perdi nada como mãe adotiva. Até o "ultrassom" aconteceu.) (risos)

No dia em que o conhecemos já não queria mais deixá-lo. E as idas e vindas da instituição de acolhimento foram um tanto sofridas, tanto para ele quanto para nós, mas eu sabia, que ninguém tiraria ele de mim e que todo o meu sofrimento havia ficado para trás.
Agora a canção era de alegria. E fui inspirada a compor três dias antes de conhecê-lo:
AQUI NESTE LUGAR – 23 de Outubro de 2013

FILHO,  NÃO VEJO A HORA DE TE ENCONTRAR
NÃO VEJO A HORA DE TEMPO PASSAR AO TEU LADO
FILHO, MAMÃE JÁ ESPEROU POR TANTO TEMPO
PAPAI JÁ ANSIOU ESSE MOMENTO
DE ESTAR CONTIGO.... FILHO

AQUI NESTE LUGAR HÁ PAZ
AQUI NESTE LUGAR HÁ AMOR
AQUI NESTE LUGAR ENCONTRARÁS O QUE PROCURAS
O AMOR DE DEUS
E DE UMA FAMÍLIA QUE TE AMA

AQUI NESTE LUGAR NÃO HÁ DOR
AQUI NESTE LUGAR SÓ HÁ AMOR
AQUI NESTE LUGAR NOSSAS VIDAS SE ENCONTRAM
E O NOSSO DEUS, EM NOSSO MEIO SEMPRE ESTARÁS

BRUNO, AO CONHECER TEU NOME EU CHOREI
CHOREI DE EMOÇÃO, POIS EU FIQUEI
ANSIOSA PRA TE ABRAÇAR

Quanta emoção, a cada dia uma descoberta de quem era você, de como era ser mãe.
Estávamos todos aprendendo muito com essa nova experiência, 
Cada um aprendendo a ser pai, ser mãe, ser filho.
São tantas experiências que não cabem aqui, mas posso dizer uma coisa.
Hoje agradeço a Deus pelas dores, pelas lágrimas... pois todas elas me levaram a conhecer o Bruninho.
Todas as lutas me tornaram alguém melhor e apesar de saber que ainda não estou pronta e talvez nunca estarei, viver os planos de Deus certamente foi bem melhor do que viver os meus.
Ele sabe o que faz!
O Bruno não nasceu de mim, mas nasceu para mim.
Ele tem as minhas manias, meu jeito... meu marido que o diga.
Formamos uma bela família.
E hoje digo a todos que encontro. Quer ser mãe? Seja!
Não há impossíveis para Deus!

Obs: Adotamos o Bruno tendo 7 anos e 11 meses.

A adoção tardia satisfaz todo o coração que deseja simplesmente ser pai e mãe! Em nada difere da adoção de um bebê.

ADOTE!

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